Site Meter muito velha para isso: março 2013

quarta-feira, 27 de março de 2013

é uma tempestade

-john, você quis ficar. eu disse que não tinha muito a oferecer, e de alguma forma, o pouco que eu tinha acabou se gastando. eu não tenho mais nada.

-mas você balança o barco. você só sabe balançar o barco, e é isso, suas coisas cairam no mar.

-não john. isso é uma tempestade. o barco tá balançando sozinho pois é uma tempestade. mas é meu barco, e eu não posso pular do meu barco.

-você precisa parar de balançar o barco.

-john. ali tem um bote salva vidas. só tem um, pois este é um barco pra um, e você quis vir nele. você viu as coisas incríveis que este barco passou, lugares maravilhosos das fotos espalhadas pela cabine, mas é um barco pra um, e este barco passou por quatro tempestades seguidas. não sei se ele vai aguentar, mas eu não vou abandonar meu barco.

-tudo bem.

-o colete está ali. ou você pula e nada de volta pra costa, pra onde é o seu lugar, ou você se amarra no mastro, e me ajuda a girar o leme pro sentido certo.

-mas o sentido certo é o outro.

-john, você tá no meu barco. entenda, o sentido que você acha certo é voltar pra costa. é voltar pra terra firme. eu não vivo em terra firme. eu morro em terra firme. eu já passei por tempestades piores. esta é uma das feias, mas sei que quando ela passa, o sol brilha, os golfinhos pulam e a água é cristalina. isso não existe em terra firme. em terra firme, o máximo que se chega é no chão.

-entendo.

-pega o colete. eu estou me amarrando no mastro. mas eu não posso mais tentar te segurar...



segunda-feira, 25 de março de 2013

saudosismo


saudade de frank sinatra. cantar no metro e "eu te amo"s interminaveis. saudade de ser agarrada, de me apertarem tanto, até eu não aguentar mais. saudade de ser desejada e querida, e escutada. saudade de sentir admiração. saudade de gente buscando a minha atenção, como se fizesse a diferenca. saudade de fazer a diferença. saudade de poder falar meus sentimentos, e de edredon. saudade dos copos de cerveja que nunca terminavam. saudade de ouvir o quanto eu sou linda. saudade, saudade, saudade...




quando há saudade demais, é porque não é mais fase.


chutando cachorros mortos

[ dragonette - right woman ]

eu faço isso. é meu costume chutar cachorros mortos. é como se eu não acreditasse quando eles morrem. e eu fico lá, do lado do corpo gélido deles, pedindo, suplicando, implorando pra eles acordarem.
eu to com 24 anos. fazem 12 anos que escrevo. e o assunto nunca muda. tentei achar um nome que mudasse o sentido das coisas, que mostrasse pro mundo que eu já tava velha para certas coisas, que eu virei adulta. mas eu ainda sou adolescente.

mas na real, acho que todo mundo é um pouco. todo mundo as vezes toma um porre homérico e cáí de bêbado na balada. todo mundo se tranca no banheiro pra chorar por amor. todo mundo entra em crise existencial. pq é isso: a gente não sei da adolescência. e qual o problema disso?

quando eu me apaixono, eu me apaixono igual eu tinha 16 anos. eu perco o fôlego, perco o ar. quero largar tudo pra ficar com a pessoa. não que eu o faça, mas eu gosto MUITO dessa sensação. gosto da sensação do bairro das laranjeiras sorrindo pra mim quando eu chego ali. gosto de all stars que combinam. gosto ainda mais quando eles preferem adidas a nikes.

gosto do tesão que não espera chegar no quarto. que tem que ser ali mesmo, na porta de entrada, e depois no corredor, e depois no quarto. e cigarro e bebida. e música boa. e literatura.

gosto de meninos me olhando com aquele olhar, que é um misto de "nao sei o que ela tem" com um "eu jamais teria chance com ela". todo homem tem chance comigo. todos aqueles que me entretenham uma conversa. pq eu não ligo pra aparência. eu ligo pro caráter. pra cabeça.

um menino esses dias me falou que os amigos deles eram os mais bonitos, e eu só lembrava dele. ele foi o único que prestou atenção no que eu falava. ele conversou, me fez rir, e meu deus do céu, como eu gosto de rir. a gente ficou amigo, talvez agora não mais, sei lá, quero que sim. mas isso tem uma moral. a moral é que quem da mais leva, e  minha moeda é essa.

a moral é que eu sou gigantesca. eu sou do tipo de pessoa que adotaria o menino chines que vive largado numa cabana, sozinho. e cuidaria dele. quando eu vi a matéria, já considerava ele meu filho. e pensei nisso o dia todo. por questões legais, não posso adotar ele. queria. queria trazer ele pra cá. ele e o cachorro dele. queria mostrar pra ele que existe amor. queria mostrar pra ele, que eu tenho dois corações, um na caixinha, que não cabe, e um na cabeça. queria explicar pra ele que um dia, eu perdi meu cerebro em algum lugar, então eu não sei tomar decisões racionais. então eu ajo por amor. o tempo todo. queria falar pra ele que viver comigo é meio sofrido por causa disso, mas eu ia dar tanto amor pra ele, que ele ia esquecer que foi abandonado, e que tudo ia ficar bem.

agora, tirando isso um pouco de foco. eu preciso tomar uma decisão na minha vida. ou eu escolho uma coisa, ou eu escolho eu. eu venho tentando acreditar que de sim da pra escolher os dois, mas tudo nessa vida tem um limite. eu sei a resposta, eu sei quem eu tenho que escolher.  escolha já está feita a semanas. mas eu dou chances. eu relevo coisas. eu finjo que não vejo outras coisas. e essa não sou eu. eu brigo pelo melhor, e to aqui, de novo, infeliz. mas desta vez aceitando as coisas. pq? pelo que?

rivotril fez efeito. eu vou dormir.



[ audioslave - like a stone ]