Site Meter muito velha para isso: 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

#15 Para a pessoa que você mais sente falta

Eu lembro até hoje que quando eu recebi a noticia que você tinha ido, eu desabei. eu estava na escada com um cachecol na mão e desabei.

você foi meu mundo durante a minha adolescência. e quando você partiu, acho que senti parte da minha alma sendo levada junto.

seus últimos dias.. na verdade nossos últimos dias foram incríveis. a comida do hospital era péssima, mas tinha tv a cabo, e era bom assitistir discovery channel com você. eu vi você indo aos poucos, se entregando. tudo bem se entregar. eu já me entreguei algumas vezes também.

eu não tenho como calcular quantas vezes eu te quis de volta do meu lado. eu não sei calcular quantas vezes eu imaginei você me dando algum conselho. não sei calcular quantas vezes eu senti falta da sua comida.

hoje eu só tenho uns óculos seus. a foto do ovni, que eu nem sei onde minha mãe guardou. e acho que só.


só queria falar que você faz falta vovó. você sempre sabia o que dizer, quando dizer, mas nunca sabia como dizer. mas eu te entendia.

eu te amo. pra sempre.

domingo, 19 de maio de 2013

soltando sua mão

é. acho que é isso. em resumo, é isso. chega de segurar a sua mão. eu preciso ir, e você está andando devagar demais, com dúvidas demais. eu sempre soube o que queria e quando queria e me vejo presa a sua mão, presa a suas dúvidas e vontades e regras.

mas e eu? você alguma vez pensou no que eu poderia estar passando, ou tentou entender? conseguiu entender?

segurar na sua mão, significa ir no seu ritmo. você não tenta ir no meu. na verdade, eu vejo no fundo dos seus olhos que você tem medo de ir no meu. tudo bem, eu te perdoo. são poucas as pessoas que tem coragem e força suficiente para isso.

por isso, hoje solto da sua mão. quando você quiser, você corre atras de mim para me alcançar.

tem coisas que só sai da gente por escrito

eu tenho 24 anos. acho que todo post de sofrimento de amor eu começo falando a minha idade. vou começar de novo, mas não vou apagar.

outro dia, eu postei no facebook que precisava de um milagre. e "sorte no jogo, azar no amor".

guardem essas duas frases.

há umas 2 semanas ou mais, eu tive mais um pra sempre interrompido. o por quê no final não importa. o que importa é que eu tava saindo de uma depressão que me fodeu num ponto onde eu comecei té a duvidar de deus (e pra quem toda sexta tá rezando, isso é muito). duvidei de mim. duvidei de todos ao meu redor.

e quanto tudo estava se encaixando, ele me deixa. sem demonstrar nenhum sinal de dor ou sofrimento. "obrigada por ter passado 9 meses no meu apartamento, agora saia". ele me disse isso com o olhar.

eu tive que acreditar que eu não era descartável. eu tive que acreditar que eu ia conseguir sozinha (e olha, eu só comecei a acreditar um pouco hoje).

aí eu comecei a olhar para os lados. meus amigos. meus amigos me dando amor. eles já estavam fazendo isso antes, e começaram a me dar mais amor. isso me deu motivos pra ir trabalhar. meu trabalho me deu motivos pra ir trabalhar. olha quão longe eu cheguei? olha quantas coisas e pessoas eu conquistei?

tá, acabou. poderia não ter acabado. pq eu amei de verdade. amo ainda talvez, não sei. sentimentos às vezes são bem confusos.

mas eu peguei meus gatos. de volta. pra mim. chega de lar provisório.

e no carro, minha mãe, vira com o sorriso mais lindo do mundo e fala: agora você tá com te ama de verdade: seus gatos, e sua família.

e me faz um cafuné.

dor de amor dói. mas quando amor é de verdade assim acho que de alguma forma, você não tá sozinha. e nem incompleta.

obrigada mãe. obrigada ás minhas irmãs. obrigada ao meu avô. obrigada aos meus gatos. obrigada aos meus amigos e obrigada aos meus colegas de trabalho.


e  eu começo a me sentir mais leve...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

o doce azedou

uma sucessão de coisas me levaram a estar onde eu estou hoje. e eu não sei onde eu to.

queria saber. queria, mais do que tudo, ter vontade de saber. heroicamente, hoje levantei cedo, tomei banho. esqueci de escovar os dentes, preciso tomar o remédio e fumar um cigarro.

não que fumar me dê o mesmo prazer que outrora. mas eu fumo pelo hábito. eu fumo pela parte de traz dos maços.

hoje em dia, eu tenho uma memória inventada. uma só. ela se repete de várias formas na minha cabeça. mas o fim é o mesmo.

é inverno, onde eu to. e eu to num pântano. e eu to afundando. e tem alguma coisa me machucando. e eu me sinto tão fraca, tão triste.
só queria dormir.
eu to chorando.

eu vou deitar mais um pouco.

quarta-feira, 27 de março de 2013

é uma tempestade

-john, você quis ficar. eu disse que não tinha muito a oferecer, e de alguma forma, o pouco que eu tinha acabou se gastando. eu não tenho mais nada.

-mas você balança o barco. você só sabe balançar o barco, e é isso, suas coisas cairam no mar.

-não john. isso é uma tempestade. o barco tá balançando sozinho pois é uma tempestade. mas é meu barco, e eu não posso pular do meu barco.

-você precisa parar de balançar o barco.

-john. ali tem um bote salva vidas. só tem um, pois este é um barco pra um, e você quis vir nele. você viu as coisas incríveis que este barco passou, lugares maravilhosos das fotos espalhadas pela cabine, mas é um barco pra um, e este barco passou por quatro tempestades seguidas. não sei se ele vai aguentar, mas eu não vou abandonar meu barco.

-tudo bem.

-o colete está ali. ou você pula e nada de volta pra costa, pra onde é o seu lugar, ou você se amarra no mastro, e me ajuda a girar o leme pro sentido certo.

-mas o sentido certo é o outro.

-john, você tá no meu barco. entenda, o sentido que você acha certo é voltar pra costa. é voltar pra terra firme. eu não vivo em terra firme. eu morro em terra firme. eu já passei por tempestades piores. esta é uma das feias, mas sei que quando ela passa, o sol brilha, os golfinhos pulam e a água é cristalina. isso não existe em terra firme. em terra firme, o máximo que se chega é no chão.

-entendo.

-pega o colete. eu estou me amarrando no mastro. mas eu não posso mais tentar te segurar...



segunda-feira, 25 de março de 2013

saudosismo


saudade de frank sinatra. cantar no metro e "eu te amo"s interminaveis. saudade de ser agarrada, de me apertarem tanto, até eu não aguentar mais. saudade de ser desejada e querida, e escutada. saudade de sentir admiração. saudade de gente buscando a minha atenção, como se fizesse a diferenca. saudade de fazer a diferença. saudade de poder falar meus sentimentos, e de edredon. saudade dos copos de cerveja que nunca terminavam. saudade de ouvir o quanto eu sou linda. saudade, saudade, saudade...




quando há saudade demais, é porque não é mais fase.


chutando cachorros mortos

[ dragonette - right woman ]

eu faço isso. é meu costume chutar cachorros mortos. é como se eu não acreditasse quando eles morrem. e eu fico lá, do lado do corpo gélido deles, pedindo, suplicando, implorando pra eles acordarem.
eu to com 24 anos. fazem 12 anos que escrevo. e o assunto nunca muda. tentei achar um nome que mudasse o sentido das coisas, que mostrasse pro mundo que eu já tava velha para certas coisas, que eu virei adulta. mas eu ainda sou adolescente.

mas na real, acho que todo mundo é um pouco. todo mundo as vezes toma um porre homérico e cáí de bêbado na balada. todo mundo se tranca no banheiro pra chorar por amor. todo mundo entra em crise existencial. pq é isso: a gente não sei da adolescência. e qual o problema disso?

quando eu me apaixono, eu me apaixono igual eu tinha 16 anos. eu perco o fôlego, perco o ar. quero largar tudo pra ficar com a pessoa. não que eu o faça, mas eu gosto MUITO dessa sensação. gosto da sensação do bairro das laranjeiras sorrindo pra mim quando eu chego ali. gosto de all stars que combinam. gosto ainda mais quando eles preferem adidas a nikes.

gosto do tesão que não espera chegar no quarto. que tem que ser ali mesmo, na porta de entrada, e depois no corredor, e depois no quarto. e cigarro e bebida. e música boa. e literatura.

gosto de meninos me olhando com aquele olhar, que é um misto de "nao sei o que ela tem" com um "eu jamais teria chance com ela". todo homem tem chance comigo. todos aqueles que me entretenham uma conversa. pq eu não ligo pra aparência. eu ligo pro caráter. pra cabeça.

um menino esses dias me falou que os amigos deles eram os mais bonitos, e eu só lembrava dele. ele foi o único que prestou atenção no que eu falava. ele conversou, me fez rir, e meu deus do céu, como eu gosto de rir. a gente ficou amigo, talvez agora não mais, sei lá, quero que sim. mas isso tem uma moral. a moral é que quem da mais leva, e  minha moeda é essa.

a moral é que eu sou gigantesca. eu sou do tipo de pessoa que adotaria o menino chines que vive largado numa cabana, sozinho. e cuidaria dele. quando eu vi a matéria, já considerava ele meu filho. e pensei nisso o dia todo. por questões legais, não posso adotar ele. queria. queria trazer ele pra cá. ele e o cachorro dele. queria mostrar pra ele que existe amor. queria mostrar pra ele, que eu tenho dois corações, um na caixinha, que não cabe, e um na cabeça. queria explicar pra ele que um dia, eu perdi meu cerebro em algum lugar, então eu não sei tomar decisões racionais. então eu ajo por amor. o tempo todo. queria falar pra ele que viver comigo é meio sofrido por causa disso, mas eu ia dar tanto amor pra ele, que ele ia esquecer que foi abandonado, e que tudo ia ficar bem.

agora, tirando isso um pouco de foco. eu preciso tomar uma decisão na minha vida. ou eu escolho uma coisa, ou eu escolho eu. eu venho tentando acreditar que de sim da pra escolher os dois, mas tudo nessa vida tem um limite. eu sei a resposta, eu sei quem eu tenho que escolher.  escolha já está feita a semanas. mas eu dou chances. eu relevo coisas. eu finjo que não vejo outras coisas. e essa não sou eu. eu brigo pelo melhor, e to aqui, de novo, infeliz. mas desta vez aceitando as coisas. pq? pelo que?

rivotril fez efeito. eu vou dormir.



[ audioslave - like a stone ]


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

o gato, o navio e o iceberg

eu tenho dois gatos. dois gatos lindos. o salém e o tico. ambos, resgatados. quando meu casamento terminou, eu tive que abrir mão deles e eles ficaram com meu ex. isso me corroeu por dentro. durante meses a fio, até que meu atual namorado me trouxe a solução "pega seus gatos de volta, e leva eles lá pra casa".

eu chorei. minha melhor amiga chorou. mas pela primeira vez, eu ponderei essa decisão: se eu levasse meus gatos, que são parte do meu coração não podendo ser vendidos separadamente, eu estaria entrando de novo naquilo. naquela instituição.

eu não moro na casa dele. mas fico muito aqui. e agora com o desemprego, acabo ficando o tempo todo. é bom ficar sozinha de tarde. tem seu lado bom, e seu lado ruim. ando refletindo MUITO sobre a minha vida, mas na casa dele não consigo produzir. gosto de desenhar, com milhões de materiais. gosto de costurar, fazer artesanato. ler. ele diz "você pode ler, tem um monte de livro aqui" e por algum motivo, não me dá vontade de ler os livros dele.

ontem, um dos meus gatos escapou. eu me senti num turbilhão. numa tempestade sem fim. eu tinha acabado de ter uma briga feia com o meu namorado, e aí meu gato escapa. escapa e vai pro telhado vizinho. eu quis morrer.

instinto é uma coisa muito louca, pois você apenas faz as coisas, sem pensar, sendo guiado pelo seu coração e seu cérebro apenas se desliga. parece que ao entrar em contato com a adrenalina, o cérebro desliga e fica de boa lá até aquela carga desumana de energia passar. por instinto, eu fiquei olhando pela janela. tava escuro, era de noite. meu gato que escapou se chama salém. igual o da sabrina. ele é preto. e olhando pela janela, sem saber o que fazer, desesperada, eu falei "não salém" e ele miou. eu olho pra baixo vejo um vulto. morri de novo. ele tava bem, tava assustado, e não tava conseguindo voltar. fiquei chamando ele, pra ele não pular pra outro lugar. tentei jogar comida, nada. ai eu lembrei que tinha um jeito de desmontar a janela. a janela, é tipo aquelas de alumínio  que se "montam". não sei explicar.  na fúria do dragão, eu fui pra desmontar aquela janela. quem desmontou, foi o namorado.

quando aquele vidro saiu, eu pulei na janela, e me dei conta como era alto aquilo. e eu tentando ir pro telhado, e o salém não parava de se roçar em mim. consegui descer sem pisar nele, peguei ele, passei pro meu namorado, ele prendeu o salém junto com o tico. nisso eu me dei conta que eu tava em cima de um telhado de um prédio, com telhas estalando. eu tenho medo de altura. muito, sabe? além da conta? e me dei conta do que eu tava fazendo. mas, acho que eu tive uma descarga emocional tão grande, que eu percebi que eu não to vivendo a minha vida. meus gatos morando de favor na casa do meu namorado, eu fico aqui sozinha sem acesso às minhas coisas. às únicas poucas coisas minhas, ficam juntas, no sofá, esperando a hora de voltarem pra casa delas. essa casa não é minha, e eu vivo como se fosse.

eu to vivendo na verdade, me escondendo das coisas. as coisas estão bem ruins pro meu lado. e eu ando meio perdida. perdida de mim. isso não podia ter acontecido. antes eu tinha muita fé nas coisas, e agora parece que eu to perdendo isso. e perdendo várias coisas ao mesmo tempo, como minha base, minha autoconfiança.

é como se um navio tivesse batido em um iceberg no meio do oceano. e eu consegui escapar por pouco, porque to boiando com a ajuda de um colete salva vidas. mas a cada hora na água, minha temperatura vai caindo e nem o colete pode me salvar.

eu to perdida, e com medo. e não sei mais para onde ir.